O futebol moderno e o futuro da Seleção Brasileira

Por Miguel Tiriba

Cada vez mais, a técnica, a disciplina tática, o preparo físico e o jogo em equipe prevalecem sobre as habilidades individuais no futebol moderno. A marcação-pressão no campo do adversário e a posse de bola são as principais características das equipes com maior destaque no futebol mundial.

O entrosamento entre os jogadores é fundamental para a formação das equipes do futebol moderno. Não basta contar que apenas um “camisa 10″ vai carregar o time nas costas durante o campeonato. Para formar uma equipe competitiva, é indispensável a articulação entre os setores de defesa, meio campo e ataque.

O que se observa hoje é que as seleções da Alemanha e da Espanha investem na formação de equipes desde as categorias de base. E Apesar de as duas seleções não terem um “camisa 10″, apresentam um futebol vistoso e elegante, que tem como objetivo apenas o gol. São duas escolas que não estão preocupadas em formar craques, mas sim equipes.

E essa filosofia tem surtido efeito em ambas as equipes. A Alemanha ficou entre as quatro primeiras nos dois últimos Mundiais (2006 e 2010) e duas últimas edições da Eurocopa (2008 e 2012). A Espanha, por sua vez, é a hegemonia do futebol mundial na atualidade. Conquistou a Eurocopa em 2008, a Copa do Mundo em 2010 e novamente o Campeonato Europeu de Seleções em 2012.

O Barcelona também é uma escola que investe em equipes desde as categorias de base. Do time titular, nove jogadores são pratas da casa: Valdés, Puyol, Piqué, Jordi Alba, Sergio Busquets, Xavi, Fabregas, Iniesta e Messi. Entre 2009 e 2012, o Barça conquistou 14 títulos, com destaque para os Mundial de Clubes (2009 e 2011).

A escola brasileira, por sua vez, não acompanhou o processo de modernização do futebol. Muito pelo contrário, persiste em investir em talentos individuais. Não tem preocupação sequer com a formação de equipes. O que se percebe com isso é a decadência do futebol apresentado pela Seleção Brasileira, com total falta de entrosamento entre os jogadores. A convocação de jogadores muda o tempo. Não existe uma equipe fixa. Como formar uma equipe competitiva dessa forma?

A persistência em ser uma fábrica de craques e a pressão da imprensa esportiva sobre os craques tem atrapalhado bastante o desempenho da Seleção Brasileira em campo. Muitos jogadores vistos como promessas acabam não despontando no futebol e o futuro vai por água abaixo.

Se a filosofia da escola brasileira persistir em formar craques ao invés de equipes, a Seleção Brasileira ficará mais de 20 anos sem ganhar uma Copa do Mundo. E podem anotar isso!

Miguel Tiriba é graduando em Ciências Sociais pela PUC-Rio. Fez curso de extensão em Jornalismo da FACHA.

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