Artigos

O Maracanã como plataforma de marketing para marcas: case Reserva

Roberto Da Matta, na introdução do livro Universo do Futebol (1982), nos leva a refletir acerca da importância de compreendermos o futebol como um sistema, emoldurado pelo capitalismo, capaz de mobilizar dirigentes, jogadores, torcedores, mídia, entidades esportivas e muitos outros agentes. E é isso que buscamos realizar neste ensaio, considerando que, se o futebol foi e é capaz de servir de ferramenta para corroborar um projeto cultural brasileiro, atrelado a ideia de democracia racial, tem-se como palco deste jogo um dos espaços esportivos mais prestigiados em nosso país: o Maracanã.

A partir dos estudos de Mascarenhas (2013), compreendemos que os contextos históricos e culturais moldam a construção e a maneira com que a população brasileira dialoga com os estádios. De espaços com capacidades modestas, privilegiando as trocas sociais da aristocracia, passando por ambientes superdimensionados visando a popularização do esporte, até chegarmos às arenas esportivas do século XXI, onde a busca pela maximização de receitas dita as regras do jogo. Inúmeros desafios, histórias, memórias e momentos foram perpetuados diante destas fases, que se acumularam e construíram a vida simbólica destes espaços na memória de centenas de milhares de pessoas.

E refletir sobre esta rica trajetória nos impulsiona para analisar e compreender o cenário que se desenha no século XXI para o Maracanã. Onde, na vida material, os atores se reconfiguram e as dinâmicas sociais trazem novas camadas e desafios para todos nós. Neste caminho, vamos concentrar aqui nossos esforços para analisar o estádio como plataforma de marketing para marcas que buscam criar vínculos com seus consumidores. Isso será realizado a partir de uma ativação de marca que a Reserva realizou no estádio no ano de 2018.

Para tal, precisamos localizar o conceito de marketing de experiência, amplamente discutido no mercado corporativo como uma das principais estratégias do marketing para atrair os consumidores a partir da montagem de experiências em eventos de entretenimento. Dessa forma, é importante levarmos em consideração que, conforme estamos discutindo, não é um desafio trivial tornar o Maracanã uma plataforma atrativa para as marcas, levando em consideração, principalmente, os casos de corrupção e as polêmicas na administração que orbitam o estádio. Ainda que, por outro lado, haja uma extensa história e simbologia que contribui para que esse trabalho comercial dos executivos seja um pouco menos desafiador, afinal, estamos falando do estádio conhecido como “templo do futebol” e palco da última final de Copa do Mundo no Brasil, em 2014.

O Rock in Rio é um exemplo de evento no Brasil que conseguiu se consolidar como uma plataforma de marketing e comercial de sucesso para as marcas conseguirem captar a atenção de seus espectadores e ampliar suas mensagens-chave. E, para compreendermos o feito deste festival, precisamos levar em consideração um mundo onde os comportamentos dos consumidores são influenciados por diversos fatores, como a política, a economia e conteúdos audiovisuais. E é justamente em virtude desse cenário que as marcas buscam estratégias para se tornarem cada vez mais relevantes a partir das experiências que podem proporcionar para os seus consumidores. Não é mais suficiente ser visto pelo consumidor, seja nas prateleiras dos supermercados ou nas propagandas da televisão. É necessário se fazer presente até mesmo onde o racional não está em jogo, onde suas emoções dão o tom (AZAMBUJA, C. P.; BICHUETI, R. S, 2016). Do ponto de vista da comunicação, esta é uma área que está sendo cada vez mais pesquisada e cujo objetivo é compreender os desafios, as estratégias e as consequências tanto para as marcas e os consumidores quanto para os eventos que pretendem se posicionar neste aspecto como plataformas de marketing e comunicação, como é o caso do Rock in Rio e, em um passado recente, do Maracanã.

Do ponto de vista teórico, podemos classificar esse movimento como marketing de experiência, cujo nome é um desdobramento do conceito de marketing. Segundo a American Marketing Association (AMA) (2013), o marketing pode ser definido como um conjunto de processos que cria, comunica, entrega e troca ofertas de valor para os clientes, os parceiros e a sociedade civil. Nesse sentido, o marketing vai além da propaganda que estamos comumente acostumados a assistir na televisão, por exemplo. O marketing é a busca incessante pela criação de desejo e valor a fim de atrair os consumidores.

E isso ocorre tendo como um guia, o que o meio corporativo denomina como “quatro P’s do marketing” (KOTLER; ARMSTRONG, 1998). São eles: produto, preço, praça e promoção. Este conjunto de iniciativas tradicionais do marketing ganha, portanto, mais uma camada: o marketing de experiência. Dessa forma, conseguimos compreender que o marketing de experiência é mais uma ferramenta para complementar os conceitos de comunicação e marketing visando aproximar a marca e o consumidor, fortalecendo vínculos emocionais (HOLBROOK; HIRSCHMANN, 1982). É o que conseguimos apreender com a foto abaixo da ativação da Reserva, marca de roupa carioca, no Maracanã. O que inicialmente era o tradicional lugar onde a comissão técnica, reservas, dentre outros funcionários do clube ficavam assistindo ao jogo, se tornou neste novo Maracanã uma propriedade comercial para conectar as marcas aos torcedores. Esta foto materializa todo o esforço empreendido neste artigo: o trabalho das marcas na busca de se conectar com o Maracanã e seus atributos simbólicos a fim de captarem reputação, cultura e estilo de vida que o estádio reverbera para a sociedade brasileira, em um aspecto amplo, e carioca, mais especificamente.

Jornal O Globo / 2018

Por fim, apesar de inúmeros processos comerciais que orbitam neste novo estádio, neste breve trabalho olhamos com maior atenção em como as marcas se posicionam a fim de se atrelar às emoções produzidas pelos torcedores dentro das arenas esportivas, cuja atividade fim é fortalecer vínculos emocionais, aumentar a reputação, atingir um maior índice de loving branding[1] do consumidor, dentre outros KPIs (Key Performance Indicator) possíveis de medir dentro desse cenário.

Na vida material, onde as relações se dão, não há esta divisão didática destes processos. Os movimentos convergem e divergem a todo o momento, com comportamentos, narrativas, acontecimentos que se colocam constantemente por meio dos jogos, dos ídolos, das marcas, dos dirigentes, da imprensa, dentre outros atores sociais.


[1] Referimo-nos à love brand quando as marcas conseguem construir um vínculo com os consumidores a ponto de se identificarem com a personalidade, a cultura e o estilo de vida que ela representa. Comumente, recebem apelidos como é o caso dos nubankers, que se refere aos apaixonados pelo banco Nubank.

Referências

AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Definition of Marketing. 2013. Disponível em: <www.ama.org/AboutAMA/Pages/Definitionof-Marketing.aspx>

AZAMBUJA, C. P.; BICHUETI, R. S. Marketing de Experiência: Estratégias para Impulsionar o Market Share e Fortalecer a Marca do Energético Energy. Revista de Administração da UFSM, v. 9, n. Ed. Especial, p. 88-106, 2016.

KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 7. ed. Rio de Janeiro: PrenticeHall, 1998. 527 p.

HOLBROOK, M. B.; HIRSCHMAN, E. C. The experiential aspects of consumption:Consumer fantasies, feelings, and fun. Journal of Consumer Research, v. 9, n. 2, p. 132-140, 1982.

Artigos

LEME divulga: Expo Memórias da Bola FC

O grupo Memórias da Bola FC, em parceria com o Maracanã Tour, anuncia uma nova exposição de camisetas de clubes e seleções que acontecerá nos dias 5 e 6 de fevereiro de 2022, no estádio do Maracanã. 

A exposição busca reviver memórias de momentos marcantes da história do futebol através das camisas, algumas de importantes jogadores na história do esporte, como Zico, Pelé e Messi. O evento busca, ainda, homenagear o Maracanã. Com isso, camisas de partidas marcantes disputadas no estádio também serão expostas.

Se você é apaixonado pelo esporte e quer relembrar momentos históricos, não perca a “Expo Memórias da Bola FC” e garanta a atração deste final de semana! 
Ingressos e mais informações disponíveis em: https://www.tourmaracana.com.br/

Artigos

A era das arenas esportivas no Brasil e o Maracanã-mercadoria

De acordo com Mascarenhas (2013) há um novo estádio que surge e que disputa o sentido do espaço urbano. Repaginado com terminologias como “modernização”, “adequação”, “higienização”, “renovação”, dentre outros, fato é que os novos estádios aplicam uma profunda mudança na economia não somente do futebol, mas da sociedade brasileira. Acomodando, sobretudo, um processo de espetacularização dentro dos espaços de sociabilidade, trocando o valor de uso pelo valor de troca. Neste sentido, o autor destaca que nas últimas décadas foram construídos estádios caros, muitas das vezes superdimensionados cuja justificativa não se coaduna com as características locais. Em suma, os novos estádios são bem distintos do passado, remodelam aspectos e dinâmicas sociais, orientam novos significados, públicos e racionalidades. Para exemplificar tal questão, Mascarenhas (2013) cita a Liga Portuguesa, em Portugal, quando, em 2004, foram construídos estádios em “cidades que não dispõem de mercado local para sustentar tais equipamentos” (MASCARENHAS, 2013, p.144). Esta leitura poderia ser feita facilmente em alguns estádios construídos no Brasil para a Copa do Mundo de 2014, como o Mané Garrincha, em Brasília; estádio das Dunas, em Natal; Arena Amazônia, em Manaus; Arena Pantanal, em Cuiabá. Neste sentido, cabe incluir o argumento do autor, utilizado para se referir à em Portugal.

Encontra abrigo no novo formato extravagante e monumental dos megaeventos esportivos, mas também diálogo plenamente com novas estratégias de gestão das cidades no sentido da valorização e da projeção competitiva de sua imagem global – o citymarketing-, bem como parece estar associada à hipotética “máquina urbana do crescimento” de que nos falam Logan e Molotch (1990). (MASCARENHAS, 2013, p.144).

Com isto, os estádios construídos ou reformados para a Copa do Mundo de 2014 deram um novo sentido às cidades. Diante desta perspectiva, é possível pensar que há necessidades e interesses para além da economia do futebol-espetáculo (MASCARENHAS, 2013). É possível se referir, portanto, há um movimento mais amplo, no qual se reorganiza uma nova lógica de cidade, conforme apontamos acima. Mascarenhas (2013) ainda destaca que, apesar de os estádios antigos também serem movidos por um sentido mercadológico, na medida em que é preciso comprar ingresso para acessá-los internamente, as novas arenas ampliam esta dinâmica e dão um novo contorno nas relações de sociabilidade. A experiência transacional do torcedor nas arenas perpassa a compra do ingresso, muitas vezes a partir do cartão de sócio-torcedor, fenômeno mercadológico ancorado na ideia de maximização das receitas dos clubes. 

No que tange o Maracanã, estádio também passou por reformulações de branding e design. Duas somente após 2013. Esta é mais uma camada para tornar o Maracanã uma plataforma comunicacional atrativa para consumidores e, sobretudo, marcas. Dito de outra forma, o processo de transformar um bem público em produto visa maximizar as receitas do estádio atraindo linhas de receita business to business (B2B) bem como business to consumer (B2C). Como aponta a Saravah Comunicação e Design em projeto submetido na 12º Bienal Brasileira de Design Gráfico, sobre a primeira construção da identidade visual do Maracanã após a reforma de 2013, um dos principais desafios foi atrelar o apego à experiência do passado com a percepção de que o estádio havia se tornado elitista.      

Ainda em seu texto, a empresa ressalta como positivo os resultados que o novo branding do Maracanã trouxe. Para citar alguns ela pontua o aumenta da média de público que nos demais estádios, o segundo ponto turístico da cidade do Rio, o recorde na captação de patrocinadores em 2015, além de inúmeros eventos corporativos realizados. Estes resultados elencados vão ao encontro do que entendemos ser um movimento, iniciado em 2013, e que se mostra bem-sucedido: de posicionar o Maracanã como uma plataforma de entretenimento. Nas figuras abaixo, é possível ver a primeira identidade visual do estádio após a reforma de 2013 e os produtos licenciados oriundos dela.

Figura 1: A nova logo do Maracanã após 2013
Figura 2: os produtos licenciados para serem comercializados no novo Maracanã
Figura 3: A ambientação da identidade visual dentro do estádio
Figura 4: A ambientação da identidade visual dentro e fora do estádio

É possível exemplificar a partir destas figuras todo processo direcionado para transformar o Maracanã em um produto da iniciativa privada.

A partir destas imagens, é possível compreendermos as mudanças estruturais com que o Maracanã passa a partir de dois processos nomeados por Jeudy (2005) como patrimonialização e estetização urbana cujas consequências se dão na espetacularização das cidades. Dinâmicas sob as quais, como vimos a partir dos exemplos do Maracanã, é indissociável das estratégias de marketing. Jeudy (2015) aponta para um modelo de gestão patrimonial que padroniza bens culturais a luz dos turistas internacionais e referências estrangeiras. Fato que é possível identificar nos estádios brasileiros. Fenômeno que pode resultar em um estádio opaco, um produto que pode ser facilmente replicável para outros lugares. A diferença, portanto, que pode ser utilizada como uma vantagem competitiva é justamente os torcedores que transformam o lugar, reorientam, tornam o estádio vivo e pulsante sendo ativos do espetáculo.

Referências bibliográficas:

MASCARENHAS, Gilmar. Um jogo decisivo, mas que não termina: a disputa pelo sentido da cidade nos estádios de futebol. Revista Cidades, v. 10, ed. 17. P.142-170, 2013.

JEUDY, Henri-Pierre. Espelhos da Cidade. Rio de Janeiro, 2005.

Artigos

Mário Filho: um ministro sem pasta do futebol brasileiro

A frase que intitula esta crônica foi dita por Ruy Castro em referência a Mário Filho. No primeiro semestre deste ano, colocou-se em pauta na ALERJ (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) um projeto de lei para alterar o nome do Maracanã. Retirar o nome de Estádio Jornalista Mário Filho e colocar Estádio Rei Pelé em homenagem ao atleta Edson Arantes do Nascimento. Na ocasião, o projeto foi aprovado pelos deputados e só precisava da sanção do governador. No entanto, a forte reação por vários setores da sociedade civil fez com que os autores recuassem e retirassem o projeto de pauta. Em virtude deste acontecimento, cabe a nós refletirmos e recordarmos a importância de Mário Filho para a crônica esportiva, que culminou em se tornar o nome oficial do Maracanã, um dos principais estádios do país.

Nascido em uma família de jornalista, logo começou a carreira em uma redação de jornal. Conforme destaca Antunes (2004), Filho inicia sua trajetória como gerente no jornal de seu pai, em 1926. Dois anos depois, assume a seção dos esportes, considerada, naquele período, a seção menos importante. “A época, o espaço que os jornais destinavam às notícias do esporte era reduzido, limitando-se o repórter a informar o resultado de jogos ou divulgar eventos que iriam ocorrer” (ANTUNES, 2004, p.124).

A primeira mudança, de acordo com Antunes (2004), foi a entrevista que Mário Filho fizera com o então goleiro do Fluminense Marcos Mendonça, em que este anunciava a volta aos gramados. O impacto da matéria, que ocupou meia página, com uma linguagem simples, que conversava com o público, “dava indícios de que a época dos acadêmicos estava chegando ao fim” (ANTUNES, 2004, p. 124). Isto é, iniciava-se ali uma maneira de escrita simples e de fácil conexão com público, “lembrando a língua falada nas ruas e nas arquibancadas dos estádios de futebol” (ANTUNES, 2004, p.1 24).

Com o crescimento da popularidade do esporte no país, as novidades que Mário Filho trouxe para a cobertura esportiva jornalística começam a ser copiadas por outros jornais. Neste sentido, Antunes (2004) destaca as inúmeras inovações que Filho fizera dentro do jornalismo esportivo, como, por exemplo, as fotos que “mostravam jogadores em ação durante as partidas e não mais perfilados e engravatados como costumavam aparecer até então. As manchetes atraíam a curiosidade do leitor” (ANTUNES, 2004, p. 126). 

Em 1931, Roberto Marinho, herdeiro do jornal O Globo, convida o jornalista para dirigir o setor esportivo do jornal. Nesta época, a discussão em voga era sobre a profissionalização do futebol no país. Mário Filho se envolveu no debate e foi a favor da profissionalização. “Acreditava que os jogadores deveriam ser pagos para jogar […] sabia que o jornalismo seria beneficiado com o desenvolvimento do futebol profissional e com o aumento do público interessado (ANTUNES, 2004, p.128). Logo, já em 1933, o futebol se profissionaliza e muda de patamar com a criação, no Rio de Janeiro, da Liga Carioca de Futebol. Dessa maneira, na medida em o futebol se desenvolvia, Mário Filho dava suas contribuições jornalísticas para potencializar a visibilidade do esporte como um espetáculo de massas. Nesse caminho, em 1936, o jornalista compra o Jornal dos Sports, que se torna um dos mais importantes jornais de seu segmento no país.

Fonte: Jornal O Globo

Com o passar dos anos, Mário Filho se tornou junto à opinião pública uma das referências no meio esportivo. Seus escritos reunidos são publicados em forma de livro, em 1947, com o título O negro no futebol brasileiro, contando com prefácio escrito pelo sociólogo Gilberto Freyre. Ter Freyre escrevendo o prefácio é algo simbólico, dada a contribuição literária que Freyre realizou para o entendimento da cultura brasileira. Tudo isso a partir de uma narrativa, conforme destaca Antunes (2004), que misturaria os fatos históricos calcados em documentos oficiais, jornais e revistas, mas também a oralidade, das entrevistas e conversas informais que obteve na época. É essa mesma postura, combinando fatos históricos com a oralidade e as narrativas da rua, que Filho também adotava na redação de suas colunas.

Na visão da autora, Filho sempre buscou uma identidade nacional mirando no futebol. Suas investigações perpassavam disposições psicológicas da alma brasileira (ANTUNES, 2004), que, segundo o próprio Mário Filho, conforme destaca Antunes (2004), era carente de autoconhecimento. Neste caminho, “o cronista vê o caráter brasileiro oscilar entre a valentia exibida na Copa de 1938 e a covardia da final de 1950” (ANTUNES, 2004, p. 201).

Em 1966, após falecer de um ataque cardíaco, aos 58 anos, o então Estádio Municipal passa a ser chamado de Estádio Jornalista Mário Filho. Para Antunes (2004), Filho foi um dos grandes expoentes da crônica de futebol da época. Cronista, ao lado de seu irmão Nelson Rodrigues, os dois reformaram a literatura acerca do assunto e, como consequência, a forma como o brasileiro se relaciona com o futebol. Mário Filho, portanto, tem um papel fundamental tanto para a propagação do esporte enquanto notícia como também para a cultura brasileira. Fato que se mostrou determinante, no campo simbólico, para a construção do Maracanã e a relação que possuímos com o estádio.

Referências Bibliográficas:

ANTUNES, Fatima Martin R. Ferreira. “Com brasileiro, não há quem possa!”: Futebol e identidade nacional em José Lins do Rego, Mário Filho e Nelson Rodrigues. 1. ed. São Paulo: Editora UNESP, 2004. 304 p. v. 1.

Eventos

LEME apresenta os Anais do seu IV Seminário

Para homenagear aquele que já foi o maior estádio do mundo, o Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME) realizou o Seminário #Maraca70: mídia, memória e patrimônio, em outubro de 2020. Na ocasião, importantes nomes do jornalismo esportivo e pesquisadores estiveram presentes, ministrando palestras e em discussões em três grupos de trabalho: Esporte, cidade e identidades; Mídia, esporte e representação e Estádios, arena e modos de torcer. Dessa forma, o LEME tem o prazer de divulgar os Anais do seu IV Seminário (clique aqui para acessá-lo). 

Aproveitamos também para informar que todas as palestras realizadas durante o evento estão disponíveis em nosso canal no Youtube.

Produção audiovisual

Já está no ar o trigésimo primeiro episódio do Passes e Impasses

Acesse o mais novo episódio do podcast Passes e Impasses no Spotify*, Deezer*, Apple PodcastsPocketCastsOvercastGoogle PodcastRadioPublic e Anchor.

O tema do nosso trigésimo primeiro episódio é “Mário Filho, jornalismo e romance”. Com apresentação de Mattheus Reis e Fausto Amaro, gravamos remotamente com João Paulo Teixeira, jornalista, graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, e Ronaldo George Helal, professor da Faculdade de Comunicação Social da UERJ e coordenador geral do LEME.

O podcast Passes e Impasses é uma produção do Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte em parceria com o Laboratório de Áudio da UERJ (Audiolab). O objetivo do podcast é trazer uma opinião reflexiva sobre o esporte em todos os episódios, com uma leitura aprofundada sobre diferentes assuntos em voga no cenário esportivo nacional e internacional. Para isso, contamos sempre com especialistas para debater conosco os tópicos de cada programa.

Você ama esporte e quer acessar um conteúdo exclusivo, feito por quem realmente pesquisa o esporte? Então não deixe de ouvir o trigésimo primeiro episódio do Passes & Impasses.

No quadro “Toca a Letra”, a música escolhida foi “Maracanã”. A canção foi composta e interpretada por Francis Hime.

Passes e Impasses é o podcast que traz para você que nos acompanha o esporte como você nunca ouviu.

ARTIGOS, LIVROS E OUTRAS PRODUÇÕES:

O Negro no Futebol Brasileiro – Mário Filho [livro]

A invenção do país do futebol – Antonio Jorge Soares, Hugo Lovisolo e Ronaldo Helal [livro]

Pelé [documentário da Netflix]

Equipe
Coordenação Geral: Ronaldo Helal
Direção: Fausto Amaro e Filipe Mostaro
Roteiro e produção: Leticia Quadros, Carol Fontenelle e Fausto Amaro
Edição de áudio: Leonardo Pereira (Audiolab)
Apresentação: Mattheus Reis e Fausto Amaro
Convidados: João Paulo Teixeira e Ronaldo Helal

Artigos

Meu nome é M-Á-R-I-O F-I-L-H-O

No dia três de fevereiro deste ano, fui pego de surpresa: queriam mudar meu nome. Logo eu! Mundialmente conhecido. Cartão postal do Rio. Meu nome é minha identidade! Ele está estampado nos jornais, livros, músicas… meu nome está nos jantares de família. Na memória dos torcedores. Eu sou a saudade de muitos dos meus frequentadores e o desejo daqueles que ainda não me conhecem. Meu nome é a interseção entre flamenguistas e tricolores. Já abrigou botafoguenses, vascaínos, corintianos, santistas… meu nome é a interseção entre a terra e o céu, com as saudosas presenças de Sobrenatural de Almeida, Nossa Senhora dos Gols Perdidos, Gravatinha, Santo dos Gols Impossíveis, Nelson e Mário.

Eu sou setentão… ano passado não me faltaram homenagens… e agora, justo nesse momento em que eu vivo uma solidão sem tamanho, me aparecem com mais essa. Eu figuro no coração de milhões de torcedores. No sonho de milhares de jogadores. Eu sou parte daquelas histórias de “primeira vez” que ninguém esquece.

Não querem me apagar totalmente! Ufa! A ideia, pelo que fiquei sabendo, é colocar o meu nome no Complexo Esportivo. Mas eu não sou complexo. Eu sou simples. Tão simples quanto os pulos de alegria que as torcidas dão quando comemoram um gol. E, toda vez que uma torcida vibra, eu vibro junto. Porque essa é a minha essência.

Aliás, vocês conhecem a minha história? Eu nasci no dia dezesseis de junho de 1950. Waldir Pereira, mas conhecido como Didi, meio-campo da Seleção Carioca foi o primeiro a ter a honra de fazer um gol em aqui. Mas não pensem que foi fácil me erguerem. E é justamente aqui que a história fica mais interessante.

A intenção do pessoal daquela época era construir um grande estádio para a Copa de 50. E assim começaram a pensar no projeto que daria origem a mim. Uma parte dos idealizadores e apoiadores queriam me colocar láaaa em Jacarepaguá. Quem defendeu com unhas e dentes que eu fosse erguido perto do rio Maracanã foi Mário Filho. Ele queria que eu ficasse em um lugar acessível para todos. Já imaginaram se eu tivesse parado lá em Jacarepaguá? Nem Mário Filho e nem Maracanã…. sabe-se lá como iam me chamar…

O papel de Mário não para por aí. Ele era um entusiasta do futebol! Vocês sabiam que foi ele quem criou o termo “Fla-Flu”? Pois é! Ele é o dono do apelido do clássico mais charmoso que é disputado em mim. Além disso, Mário fez parte de uma comissão que pensou na minha existência como um todo. Desde onde eu ficaria até o preço dos ingressos que seriam vendidos. E, por influência do meu criador, só uma conclusão era possível: eu tinha que ser um estádio do povo. O futebol, que começou como um esporte de elite, aos poucos se tornava mais popular. E Mário Filho teve um papel fundamental nisso, sobretudo no Rio. Aliás, Filho que nada! Filho sou eu! Ele é o Mário Pai!

Tanta História… tantas estórias… tantos afetos… e ainda querem mudar meu nome. Querem me dar nome de Rei. Uma ironia do destino, né? Eu vi esse menino crescer! Seu milésimo gol, esse que todos falam, foi marcado aqui. Para que criarem essa rivalidade entre nós agora? Eu nunca pedi para entrar para a realeza. Pelo contrário! Eu disse a vocês – fui criado para ser um estádio do povo. Assim fui imaginado. Assim permanecerei.

Então, meus caros, aqueles que quiserem mudar o meu nome que lutem! Mais do que processos burocráticos, eles terão que enfrentar a História. Eu sou palco de duas finais de Copa do Mundo. Eu já abriguei, em uma única partida, 178.850 amantes do futebol. Esse pessoal, que teve essa ideia desnecessária, pode até querer mudar o futuro. Mas eles não têm como mudar o passado. Eu sou a história. E eu nunca serei esquecido. A minha voz, que é a voz de milhares de torcedores, vai ecoar na eternidade. E então, quando perguntarem meu nome, eu direi: meu nome é Mário Filho.

Fonte: Wikipedia
Eventos

Acompanhe os próximos dias de programação do #Maraca70

O Seminário #Maraca70: Mídia, Memória e Patrimônio começou ontem, dia 05/10. Para facilitar a sua vida, disponibilizamos abaixo os cards com a programação de hoje e amanhã, bem como os links para acessar as lives no Youtube. Anota no caderno e marca na agenda! Basta clicar na imagem que você será redirecionado para o Youtube.

Eventos

Encontros LEME sobre o Maracanazo nesta sexta-feira

LEME reúne pesquisadores para discutir o Maracanazo

16 de julho de 1950 – diante de mais de 200 mil pessoas, o Brasil se calava com os gols de Shiaffino e Ghiggia, no Maracanã. A épica derrota para o Uruguai, que fez o Brasil amargar o vice-campeoanto da Copa do Mundo, ficou conhecida por Maracanazo. Para debatermos esse episódio e suas implicações, o LEME – Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte realizará, nesta sexta (31/07) às 19h, um encontro virtual.

Para esta edição especial dos Encontros LEME, contaremos com os pesquisadores Alvaro do Cabo, Gastón Laborido, Francisco Brinati e Sergio Souto, com mediação do também pesquisador Filipe Mostaro.

Aguardamos vocês no canal do LEME no Youtube.

Testeira Facebook - Especial 70 anos Maracanazo

 

 

Eventos

Encontros LEME discute os 70 anos do Maracanazo

O Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte realizará, no dia 31 de julho de 2020 às 19h, a sexta edição dos Encontros LEME em 2020. Dessa vez, faremos uma edição especial para lembrar os 70 anos do Maracanazo. Para discutir esse episódio histórico do futebol nacional, contaremos com a presença de Alvaro do Cabo, Gastón Laborido, Francisco Brinati e Sergio Souto.

Por conta da pandemia, os Encontros estão sendo realizados na modalidade virtual. Para essa edição, faremos uma transmissão ao vivo, em nosso canal no Youtube. Não será necessário se inscrever previamente, já que a transmissão será aberta.

Testeira Facebook - Especial 70 anos Maracanazo

Encontros LEME é uma proposta do Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte que visa a partir da leitura de textos e análise de produções fílmicas realizar debates com professores, pesquisadores, graduandos e convidados interessados em estudar as interseções da Comunicação com o Esporte.