Artigos

“Eu tô pagando!”. Quando o capital se apropria do lúdico

“Tô pagando!!”. Esse era o bordão da personagem Lady Kate interpretada pela atriz Katiuscia Canor. Uma sátira ao processo de financeirização [1] do cotidiano e do comportamento dos chamados “novos ricos”. Nessa lógica, tendo dinheiro, qualquer coisa se consegue. Indo mais além, é possível submeter outros seres humanos a sua vontade já que “você está pagando”. A transformação do cidadão em consumidor passa por essa compreensão. “Eu quero tudo do meu jeito”, já que eu paguei, posso consumir o que eu quiser, não importando como se alcançará a minha vontade. A naturalização deste pensamento é apenas uma das ações perversas do capital. Ele retira a dignidade do outro ser humano que precisa vender a sua força de trabalho e fica a mercê dos interesses da empresa/patrão. Se estou pagando, eu escolho como, onde, e em quais condições o outro trabalha. O empregado não pode reclamar, afinal, ele precisa daquilo para sobreviver. A narrativa das revistas de gestão empresarial “ensina” técnicas de como fazer o trabalhador naturalizar essas ações e se sentir parte da empresa, alguém que deve se esforçar ao máximo para entregar tudo que lhe é pedido. Para isso se utilizam de metáforas oriundas do mundo esportivo com “vestir a camisa” da empresa.

Na última semana, dois casos específicos ocorridos com jogadores do Flamengo evidenciam o poder do capital sobre o lúdico. Logicamente que faz tempo que esse processo ocorre, mais precisamente desde a profissionalização do esporte. A partir deste momento o jogador recebia para praticar a atividade e estava sujeito a regras do clube. Neste cenário o papel do treinador emerge como o responsável por “vigiar e punir” os atletas. O lúdico vai perdendo terreno para a necessidade de acumulação de vitórias. Nossa intenção nesta coluna é mostrar como o discurso desta financeirização está entranhado no cotidiano que não só legitima esse “eu tô pagando” mas também torna quem o contesta quase um extraterrestre, alguém que “não entendeu como o mundo funciona”.

Começamos pelo caso Gerson. O volante, visivelmente emocionado ao dar uma entrevista após o fim da sua última partida pelo Flamengo ao repórter Eric Faria, da TV Globo, deixou claro o seu “pesar” por deixar o clube. Em uma análise rápida de seu discurso já se evidencia que a ideia de que “é preciso fechar as contas” sacrificou a sua vontade de se manter no clube do coração. Por mais que procure se desdenhar e sacramentar que o jogador não tem mais o lúdico, ou seja, o sonho de criança, de jogar no clube do coração, no estádio que ele ia para ver o Flamengo jogar quando menino, é esse lúdico que é atacado pelo capital. Percebam que sair do clube é uma forma de ter dinheiro e “equilibrar as contas”. Se tem alguém pagando por ele, o seu lúdico, sua vontade e seu desejo deixam de ser respeitados e são apropriados pelo dinheiro. Sei que a essa altura, o leitor acostumado com a normalidade da financeirização bravejará: “então como se fecha a conta do clube?”. Essa é a lógica do capital: submeter as ações humanas à acumulação. Gerson não foi o primeiro, não será o último. Até Zico já “teve que ser vendido”. É sobre essa imposição do “tô pagando” que este texto procura refletir e causar incômodo no leitor, ou seja desnaturalizar esse discurso.

Gerson chora em entrevista após sua última partida pelo Flamengo
Fonte: ESPN

Outro caso, no mesmo clube, é do atacante Pedro. Convocado para disputar os Jogos Olímpicos pela seleção brasileira em Tóquio, Pedro não será liberado pelo clube. Nos grupos de whatsapp surgem as frases prontas de flamenguistas ensandecidos: “o Flamengo que paga, o Flamengo decide”. A clara defesa de que: quem está pagando decide o que fazer com a vida do atleta. Pedro está querendo jogar os Jogos Olímpicos. Por mais que tenha passado por reapropriações do sentido original desejado pelo Barão Pierre de Coubertin no final do século XIX, os Jogos ainda se sustentam no imaginário social como o local da disputa por si só, do jogo e do lúdico. Pedro tem o desejo de participar desse evento. Um sonho de menino para alguns. Um sonho de ganhar novos contratos para outros. Seja qual for real desejo do atleta, o clube se apodera da narrativa do “tô pagando” para validar a sua decisão. Uma empresa (neste caso, o clube atua totalmente como empresa) deveria ter realmente este poder? Ela pode escolher as ações de seu comandado desta forma? Ela é “dona” do atleta simplesmente porque paga o seu salário? Se é alto ou não, o certo é que ninguém deveria se prender a essa lógica. Pedro não é nenhum revolucionário, não quer tomar os bens de produção, ele quer apenas jogar o jogo.

Pedro atuando pela seleção olímpica. O jogador não deve ser liberado para a competição em Tóquio
Fonte: Gazeta Esportiva

Neste viés, naturaliza-se essa apropriação do corpo e da vontade do cidadão pelas empresas e patrão. Os manuais de gestão de pessoas, maravilhosos na prática e raramente seguidos pelas empresas brasileiras, indicam que um funcionário feliz “rende mais”. As empresas hoje, no nosso caso os clubes, por pagarem o salário, se acham no direito de decidir o que seria a felicidade alheia. A felicidade de Gerson seria “jogar na Europa” e “ficar rico”. Talvez esse não seja a vontade de todos os mortais. Adriano “Imperador” já demonstrou isso. A realização de Pedro será “ficar no banco de Gabigol”, esperando a oportunidade, porque o clube está pagando? Um mínimo de bom senso, até mesmo no sentido financeiro, no caso de Pedro, liberaria o jogador, ele voltaria “valorizado” e “empolgado”, mais “confiante” (termos usados pelos coachs) para voltar a “vestir a camisa” do Flamengo (em todos os sentidos). Podia-se até negar a convocação, mas a condução do caso mostrou a narrativa típica de uma elite escravocrata, arrogante e exploratória.

Enfim, o extraterrestre aqui se incomodou demais com a normalização da financeirização nas análises dos colegas de imprensa. Aquele que bate palmas para essa argumentação hoje dá aval para que o seu patrão decida os rumos de sua vida simplesmente por “estar pagando” o seu salário. Vou pegar minha nave de volta ao mundo em que o ser humano vem antes do dinheiro, com o desejo de ter colocado várias pulgas atrás das orelhas dos terráqueos que idolatram o capital.


[1] Aqui a dotamos a interpretação de financeirização de Bryan e Rafferty (2006) ao compreender que este processo significaria não apenas que o setor financeiro está maior, mas que as formas financeiras de cálculo estão se tornando mais difundidas socialmente.

Artigos

Ditadura, esporte e a aceitação do inaceitável

22 de junho de 1970, Jorge Curi descreve de forma magistral o último gol do
Brasil contra a Itália no estádio Jalisco que começa com os dribles de Clodoaldo e termina com o chute preciso do capitão Carlos Alberto. O gol metaforizava o que tornaria uma associação automática da seleção brasileira ao chamado futebol-arte. A Copa de 1970 também serviu para análises da exploração política do futebol pelo governo.

13 de outubro de 2020, André Marques narrava a partida das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022. A vitória por 4 a 2 da seleção brasileira sobre o Peru teve uma repercussão menor frente a uma nota lida pelo locutor. A nota metaforizou a noção de que uma empresa estatal passa a ser confundida com uma empresa do governante.

Em 1970, antes do quarto gol, Curi destaca: “Quarenta e um minutos de luta. E vamos ter a palavra daqui a pouco de sua excelência, o presidente da república…bola entregue na direção de Clodoaldo, dribla um dribla dois…” A sutil menção ao então presidente, Emilio Garrastazu Médici, nem chega a citar seu nome. Com apenas cinco linhas de transmissão disponíveis para o país foi preciso fazer um pool entre as emissoras. O Grupo 1 ficou com Rádio Tupi, Rádio Clube de Pernambuco e Guarani de Belo Horizonte. O grupo 2 com a Continental, JB e Guaíba do Rio Grande do Sul. No grupo 3, a Rádio Globo, Nacional e Gaúcha revezaram seus locutores e comentaristas. No quarto grupo, as paulistas: Rádio Nacional, Band e Jovem Pan. No quinto grupo a Rádio Mauá e a Itatiaia de Belo Horizonte. Waldir Amaral e Jorge Curi dividiram a locução radiofônica onde cada um narrava um tempo. Interessante observar que a unificação das transmissões e sua abrangência nacional, produziram um discurso único na narrativa radiofônica e televisiva. A televisão se preparou para a transmissão como nunca havia feito. O Ministério das Comunicações negociou diretamente com a empresa
detentora dos direitos de transmissão e inicialmente o patrocinador seria único: a Caixa Econômica Federal. Com a instalação da estação via satélite de Itaboraí em 1969, os patrocinadores Esso, Gillete e Souza Cruz enxergaram o potencial da Copa do Mundo e pagaram o valor de 1 milhão de dólares (as três juntas) para “bancar” a transmissão televisiva. Assim, a Caixa repassou os direitos às três.

brasil.elpais.com

Usar de ferramentas do aparato estatal para enaltecer as figuras mandatárias é algo comum em ditaduras. Foi assim em 1970 e se repete em 2020. A confusão de governar para si e seus aliados, alimentando sua bolha cada vez mais raivosa e descolada da realidade, esquecendo-se dos demais brasileiros, resgata debates sobre os limites da ação de um governo para propaganda pessoal, o que é bem diferente da publicidade estatal.

No dia 13 de outubro de 2020, o secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, em conjunto com o presidente Jair Bolsonaro, amparados no artigo 84 da lei Pelé, que obriga que o jogo da seleção seja transmitido em televisão aberta, pressionaram a CBF para comprar o direito de transmissão e televisionar, agradando inclusive os empresários acusados de bancar disparos em massa de Fake News que auxiliam na sustentabilidade do seu governo, que tinham placas de publicidade no estádio onde o jogo aconteceu. A CBF comprou e repassou à TV Brasil as imagens.

O “abraço” ao presidente estava inserido em uma nota, no mínimo constrangedora: “em nome da secretaria especial de Comunicação Social da Empresa Brasil de Comunicação e do secretário Fabio Wajngarten, agradecemos a CBF nas pessoas do presidente Rogério Caboclo, do secretário geral Walter Feldman e do diretor de mídia Eduardo Zambini e um abraço especial também ao presidente Jair Bolsonaro que está assistindo ao jogo.” Além da intervenção e da clara tentativa de exaltação da imagem do presidente, notamos que, comparando com a transmissão de 1970, nem mesmo na ditadura militar nos seus piores momentos foi tão incisiva em usar uma transmissão esportiva para exaltar a figura que ocupava o cargo de presidente.

Longe da interpretação que o futebol seria ópio do povo, momento em que observa-se seu uso claramente político que teria como objetivo principal de “driblar” a consciência da população, vamos destacar a compreensão do futebol e do esporte como um espaço de conflitos. O esporte e toda a sua força simbólica se torna mais do que um locus de tentativa de dominação (ópio do povo) ele é um palco de disputas constantes. Nesse espaço de conflitos, procura-se também controlar as vozes legitimadas a falar
nessa esfera, amedrontando quem fala “contra” forças que controlam o esporte como a CBF e mais recentemente a CBV, por exemplo. Casos de atletas atacados em suas carreiras por disputar esse espaço são notórios, com destaque para Afonsinho que nos anos 1970 lutava pelo fim da lei do passe.

extra.globo.com

Recentemente Carol Solberg foi julgada por gritar: “Fora Bolsonaro”. Mas o que esse caso tem a ver com a bajulação de uma emissora estatal ao presidente? Tudo. Esses dois casos indicam como passamos a aceitar o inaceitável. O primeiro nível é parear jogadores que apoiaram o presidente a Carol, como se ambos fossem “manifestações democráticas”. Não, elas não estão na mesma árvore da democracia, que pode e deve ter diferentes galhos, mas a raiz deve se pautar em valores absolutamente necessários para operarmos a sociedade. Raízes como a defesa intransigente da dignidade humana, atacada constantemente pelos apoiadores do presidente com o slogan “bandido bom é bandido morto” e exaltação a torturadores. Raízes como a defesa das riquezas minerais e da terra como fonte de vida do mundo, que estão sendo destruídas e queimadas. Raízes como a defesa da vida que foi relativizada com a pandemia, afinal “todo mundo morre um dia”.

Não caberiam neste texto todos os exemplos de que a linha necessária para se manter a integridade humana vem sendo ultrapassada desde 17 de abril de 2016 com um voto em homenagem a um torturador e que se intensificou com o início do mandato do atual presidente. Uma vez ultrapassada, e ao banalizarmos esse rompimento, não conseguimos mais recolocar esse limite, mergulhando nossa sociedade no caos, no ódio, na mentira, nas mortes, nos ataques as minorias e no uso do bem público para fins privados. Rompeu-se o que não deveria ter sido rompido. Carol e seu grito tentam alertar que estamos indo para o precipício e foi culpada por isso. É falsa a questão de que todos devem se expressar livremente. Incitar violência não é liberdade de expressão. Ferir a dignidade humana não é liberdade de expressão. Apoiar esse governo não é um “ato democrático”, é um ato de destruição da democracia e de todas as raízes fundamentais para vivermos em sociedade. Devemos ser intolerantes com os intolerantes, como Karl Popper alertou.

Entretanto, o que fizemos foi normalizar este governo, assim como naturalizou-se regimes totalitários como o nazismo. Enquanto o atual governo entrega tudo ao mercado, os grandes jornais criam essas falsas questões, apoiam essas entregas e aceitam o inaceitável. Nesse consórcio, a TV Brasil foi mais clara e sincera na bajulação. Uma bajulação no nível de seus apoiadores que ao lerem este texto vão atacar em massa, mostrando o quanto são prejudiciais à sociedade. Enquanto para uns as instituições seguem funcionando e naturalizam a barbárie, o esporte se fortalece como este local de disputas. O local onde se combate. Como vimos nos EUA, país que é exaltado como régua moral deste governo, nas manifestações “Black Lives Matter” e em depoimentos como o do campeão da NBA Lebron James. Aqui Lebron e cia seriam punidos pelo STJD? Aqui as vozes que se levantam são censuradas. As que bajulam relativizadas. Aqui seguimos uma trágica evolução da mera menção do presidente em 1970 para um “abraço” em 2020. O que virá se continuarmos aceitando tudo? Que o esporte siga sendo nosso campo de batalha, que mais Carols tenham voz e que não aceitemos o inaceitável.

folha.uol.com.br
Artigos

Só nos resta jogar diferente

Os tempos são de dor. De agonia. De incertezas. Tudo o que nossa sociedade se especializou em fazer como pensar no futuro e programar ações está em quarentena. Ninguém programa nada. Está tudo suspenso. O jogo social com o qual nos acostumamos não pode mais ser jogado. Tudo que achávamos sólido se desmanchou com o vírus. Não se sabe quando tudo isso vai passar e como estaremos depois de tudo isso. Enquanto o futuro se torna algo difícil de observar em meio a esta nuvem sombria proporcionada pelo vírus e pelo desprezo da ciência, como ficamos sem o jogo?

São algumas alternativas. Antes que o leitor mais apressado enfatize que os esportes estão parados em praticamente todo o mundo, cabe ressaltar o que podemos chamar de jogo. Temos o Esporte Moderno, produto cultural do século XIX, que instituiu regras, modalidades, ligas e adquiriu um espaço significativo no campo econômico, fato que o transformou em uma grande indústria. Esse esporte, que conhecemos muito bem pela ampla divulgação através das mídias está parado. Não há nada de novo acontecendo no Esporte Moderno. Nem mesmo as especulações de contratações, algo comum durante as férias dos atletas, conseguem suprir a atenção dos aficionados pelo esporte. Nessa aridez de novos jogos e novas sensações que o esporte sempre provocou, podemos achar que o jogo também está suspenso?

Não se entendermos o jogo como algo mais amplo, que está presente no Esporte Moderno, mas existe sem ele. O jogo em sua essência, descrito por Johan Huizinga no clássico Homo Ludens, é uma forma elementar das manifestações do espírito humano. O jogo nos envolve “por inteiro”, somos impulsionados a “jogar” e se “perder” na dimensão da intensidade que o jogo tem. O envolvimento e excitação proporcionada pelo jogo são “a própria essência e a característica primordial do jogo” (HUIZINGA, 1971, p.5). O jogo tem uma função social, nos leva a intensidade e pode ser considerado um “intervalo da vida real”. Enquanto a “vida comum” está pausada o jogo nos salva. Até mesmo uma “brincadeira” sem propósito é uma forma de jogo. Criar brincadeiras com seus filhos, sobrinhos para passar a quarentena é jogar. Baixar jogos on-line, jogar cartas e se perder na intensidade lúdica que eles proporcionam também é jogar. Uma criança, por exemplo, pode ficar horas chutando uma bola na parede sem que, para aqueles não envolvidos neste jogo (brincadeira), exista motivo. Mas para ela tem. Enquanto vivemos, estamos jogando.

Fonte: vittude

A narrativa também é uma forma de jogar. De estabelecer regras momentâneas para nos comunicarmos e, a partir das reações do interlocutor, adaptarmos nossa atuação neste jogo narrativo. Ela é intensa, nos absorve se “jogarmos seu jogo” com vigor. Ela impulsiona paixões, orienta nossa visão de mundo e também nos remete a histórias do passado. Essa é outra alternativa observada. Na falta de algo novo, algumas emissoras recontam jogos do passado. Neste recontar se entende com mais clareza como o jogo e narrativa andam juntos. O filósofo Paul Ricouer defende que a narrativa cria mundos. Assim como a narrativa, o jogo é um mundo a parte com regras tácitas entendidas e seguidas pelos praticantes do jogo. Com o poder da narrativa também se viaja no tempo. Quem nunca se emocionou e se envolveu novamente em uma velha história de família ou pessoal. Recontar é como pegar uma máquina do tempo e voltar ao passado, porém com toda a bagagem que temos agora. É como nos filmes de ficção cientifica em que o indivíduo que volta no tempo sabe tudo o que aconteceu e mesmo assim se envolve.

No mundo esportivo parado, ver os jogos antigos é jogarmos novamente, é sentirmos emoções, é lembrarmos onde estávamos naquele dia, com quem, o que bebemos, o que comemos e como reagimos. É recuperar a memória. O jogo nos proporciona isso. É um local extremamente fértil para nos envolvermos e a partir daí surgirem dramas e histórias possíveis de serem contadas por gerações. Também nos remete a um “passado mágico”, que “nunca mais vai existir”, do tempo “mais puro”, tempo talvez que éramos mais jovens para nos deixarmos jogar e viver a intensidade do jogo e das suas narrativas.

Fonte: globoesporte

Enquanto a sociedade atual está parada, contando mortos, e observando a marcha da insensatez de alguns governantes, o jogo é o que nos mantém vivos. Se perder na intensidade do agora (mesmo que seja o jogo reprisado) é o que nos resta. Em tempo de dor, a transcendência do jogo é a oração de muitos. Essa máquina do tempo também nos permite compreender qual jogo estava sendo jogado anteriormente. É na força do jogo que podemos “jogar diferente”, quando tudo isso passar. É pelo jogo que podemos envolver as pessoas em um mundo diferente, mais humano, menos ganancioso, com gente sendo maior que a economia, a partilha sendo maior que o individualismo, a ajuda ao próximo maior que acumulação desenfreada e destrutiva do campo em que jogamos. É no curso do jogo que se adapta e se muda regras antigas, obsoletas e que não estão dando certo. Não deixemos de jogar, jogar para melhorar. Que joguemos outro jogo após essa tragédia.

Artigos

O “lugar” do negro no futebol brasileiro

Não deveria chamar atenção e ter uma repercussão grande dois treinadores negros, que foram destaque como jogadores, estarem se enfrentando na área técnica. Para mim isso é a prova que existe um preconceito, à medida que a gente tem 50% da população negra e a proporcionalidade que se representa não é igual. A gente tem… Continuar lendo O “lugar” do negro no futebol brasileiro

Avalie isto:

Artigos

Saudades do jogador que você nunca se tornou*

Neymar sempre permeou os estudos de nosso laboratório. Vários integrantes já publicaram artigos sobre sua trajetória e analisaram as possibilidades iminentes de se tornar um grande ídolo nacional[1]. Como nosso foco é se aprofundar nas relações entre mídia e esporte, abordávamos mais os efeitos simbólicos de Neymar fora de campo do que seu desempenho dentro… Continuar lendo Saudades do jogador que você nunca se tornou*

Avalie isto:

Artigos

A Copa e o encontro de mundos que escancara a mediocridade do Jornalismo técnico

França campeã! Não foi o time que encheu os olhos, apesar de grandes jogadores. Jogou “pro gasto”, o que os tecnocratas costumam chamar de eficiência. Para Croácia e Bélgica sobrou bola e vontade, mas faltou, como o técnico brasileiro Tite justificou a eliminação brasileira, o aleatório. Este “tal” aleatório está sempre presente no jogo e… Continuar lendo A Copa e o encontro de mundos que escancara a mediocridade do Jornalismo técnico

Avalie isto:

Artigos

Ela está chegando…

Aguardada pelos amantes do futebol, a Copa do Mundo é um objeto amplamente estudado nas pesquisas voltadas para o esporte no campo acadêmico. Antropólogos, sociólogos, historiadores, geógrafos, publicitários e jornalistas encontram um ambiente fértil na produção de símbolos que esta competição oferece, desde a sua primeira edição em 1930. Seja na produção de mitos, heróis… Continuar lendo Ela está chegando…

Avalie isto:

Artigos

O que Tite há de temer

Em meio ao desmonte do Estado Brasileiro operado pelo golpista Michel Temer e seus três por cento de apoiadores, uma notícia representativa ganhou forma na semana passada: o golpista utilizaria a representação do treinador Tite para “melhorar sua imagem” nas redes sociais. Isso é claro, depois de se safar da segunda denúncia na Câmara com… Continuar lendo O que Tite há de temer

Avalie isto:

Artigos

Quando o dinheiro não é tudo

Em um mundo onde o capital tem regido leis, mantido presidentes notoriamente corruptos e um Congresso que não esconde mais suas intenções nefastas contra a maioria da população, a narrativa sobre o futebol não tem conseguido se desvencilhar desta lógica mercadológica. Planejamento, balancetes positivos e a gestão, assuntos muito mais voltados para o campo econômico,… Continuar lendo Quando o dinheiro não é tudo

Avalie isto:

Artigos

O bem público está se tornando cada vez mais privado

Final de domingo quente no Rio de Janeiro. Enquanto dividia a atenção entre meu feed de notícias do Facebook e o jogo Flamengo e Madureira, vi uma novidade que me encheu de esperança: o clássico Atletiba seria transmitido via Youtube e Facebook nos canais oficiais dos clubes. Sim, também fiquei com vergonha de só saber… Continuar lendo O bem público está se tornando cada vez mais privado

Avalie isto: