Seminário organizado pelo LEME contou com a presença de graduandos e pós-graduandos da UERJ

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O Seminário “Mídia e memória dos clubes de futebol brasileiros”, organizado pelo Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte, realizado no último dia 26, contou com a presença de graduandos e pós-graduandos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Esse evento recebeu representantes do Club de Regatas Vasco da Gama, do Esporte Clube Vitória e do Clube de Regatas do Flamengo para compor a mesa do debate.

No evento, além da discussão sobre aspectos técnicos da constituição de um centro  de memória, acervo e museu – com todos os seus meandros e desafios no que tange ao financiamento e instrumentalização -, também se refletiu sobre o papel dos clubes no resgate e preservação dessa memória. Mais do que meras instituições para o desenvolvimento de práticas esportivas de alto rendimento, os clubes brasileiros possuem uma centralidade no processo de investigação das cidades, ajudam a captar aspectos socio-culturais  e políticos relevantes em distintos momentos históricos.

Em seu clássico Universo do Futebol, Roberto DaMatta nos diz que “O futebol praticado, vivido, discutido e teorizado no Brasil seria um modo específico, entre tantos outros, pelo qual a sociedade brasileira fala, apresenta-se, revela-se, deixando-se, portanto, descobrir”. Essa perspectiva aponta para a estreita relação entre futebol e sociedade, o que faz desse esporte um elemento importante a ser objeto de pesquisa e análise, o que por sua vez se relaciona com a necessidade de o compreendermos enquanto uma manifestação cultural que faz parte da experiência construída, vivida e compartilhada por diversos atores sociais. Trata-se, portanto, de um fenômeno capaz de entrelaçar memória e história que devem ser preservados.

Há de se destacar que uma das principais publicações sobre esse esporte no Brasil visa a tentativa de cuidar de uma “história que precisava ser escrita antes de perder-se, irremediavelmente”. Estamos falando de O negro no futebol, de Mário Filho, publicado em 1947. Nos últimos anos, é notável que iniciativas individuais e coletivas têm desenvolvido projetos voltados para a preservação da memória e história do futebol no Brasil. Nesse cenário, destacam-se a publicação de livros de autoria de pesquisadores e jornalistas que dedicam atenção à narrativa da trajetória de ídolos, de momentos históricos de diferentes épocas e locais.

Institucionalmente, chama atenção a iniciativa precursora do Museu da Imagem e do Som que de 1967 até os anos de 1990 reuniu depoimentos de jogadores importantes como Marcos Carneiro de Mendonça e Domingos da Guia. Em 2008, foi inaugurado o Museu do Futebol, localizado no estádio do Pacaembu e que desde então vem se consolidando como centro de referência no tratamento do futebol como patrimônio a ser preservado e tornado acessível ao grande público.

O papel dos clubes é fundamental nesse processo se o pensarmos como um “local de memória”. Ainda falta um esforço maior dessas instituições em investir na promoção de projetos que visem preservar uma história que não lhes é exclusiva, mas é parte da trajetória do esporte no Brasil e sua relação com a sociedade em diferentes épocas.

Para debater essas questões o Seminário “Mídia e memória dos clubes de futebol brasileiros” se construiu como um espaço que objetivou trazer a público um debate acerca do papel dos centros de memória dos clubes de futebol enquanto importantes espaços de preservação da história não somente do futebol, mas do esporte no Brasil. O evento visou oferecer uma oportunidade de divulgação dos projetos de conservação de memória dos clubes, assim como contribuir para o diálogo entre essas instituições e o campo de produção acadêmica a respeito dos esportes.

O Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte objetiva, portanto, ampliar o diálogo da academia com distintos segmentos sociais, abrindo a academia para o público mais amplo, e abrindo para esse público a possibilidade de auxiliar na produção de conhecimento.

Mesa-redonda
*Adílio Jorge Marques (Club de Regatas Vasco da Gama)
*Walmer Peres Santana (Historiador do Club de Regatas Vasco da Gama)
*Rodrigo Saboia (Gerente de Patrimônio Histórico do Clube de Regatas do Flamengo)
*Taísa Pires (Museóloga do Flamengo do Clube de Regatas do Flamengo)
*Gabriela Dias (Historiadora do Clube de Regatas do Flamengo)
*Irlan Simões (Esporte Clube Vitória) – Mediador

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