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Uma nova narrativa sobre a seleção brasileira?

Na última sexta, a seleção brasileira enfrentou a Argentina em amistoso realizado na Austrália. Este jogo ficou marcado por fatos como o fim da invencibilidade do técnico Tite no comando do Brasil e a estreia do técnico Jorge Sampaoli na equipe argentina.

Porém, a grande novidade ficou por conta da não transmissão de um jogo da seleção brasileira principal pela TV Globo, a emissora de TV aberta que hoje apresenta os melhores índices de audiência no Brasil.

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Arte convidando o público a acompanhar o jogo entre Brasil e Argentina pela CBF tv. Imagem: divulgação CBF.

Isto não acontecia desde 2010, quando a própria Globo optou por não transmitir em TV aberta o amistoso entre Brasil e Estados Unidos, jogo que marcou a estreia do técnico Mano Menezes no comando da seleção brasileira (esta partida foi exibida apenas pelo SporTV e pela Globo Internacional).

Ao contrário de 2010, a não transmissão da partida da última semana não aconteceu por decisão da Globo, mas sim por escolha da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que optou por produzir a sua própria transmissão do jogo.

Para isto, a CBF montou um estúdio dentro de sua sede, no Rio de Janeiro, e optou por veicular o jogo (já com narração e comentários) não apenas em uma TV aberta, mas em uma variedade de plataformas, como redes sociais, aplicativo de celular, rádio e TV aberta (para isto comprou horários em duas emissoras).

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Equipe de transmissão contou com comentários de Pelé e participação de profissionais “emprestados” por outras empresas de midia esportiva. Foto: divulgação CBF.

Esta iniciativa chamou a atenção da imprensa especializada, pois pode representar o final de uma longa parceria entre a CBF e a TV Globo (emissora que há muito tempo tinha a transmissão dos jogos da seleção masculina de futebol como um de seus principais produtos esportivos).

Contudo, o que se deseja evidenciar aqui é o que pode ser o início de um novo arranjo das transmissões das partidas da seleção brasileira. Se até então estas transmissões eram feitas por equipes de diferentes grupos de comunicação – entre eles o do que a TV Globo faz parte -, com a atual iniciativa a CBF dá sinais de que pode assumir este papel.

Ao assumir estas transmissões, a CBF assume também o protagonismo na elaboração da narrativa sobre o seu principal ativo, a seleção brasileira masculina de futebol. Este pode ser um trunfo importante para uma organização que não conta com a simpatia da população e que constantemente é alvo de críticas, e consequentemente pode a ajudar a tentar mudar as narrativas que são elaboradas sobre ela mesma.

Assim, observar as narrativas que a CBF elabora sobre a seleção brasileira e sobre si mesma em suas transmissões e as comparar com as feitas por grupos de comunicação independentes da entidade pode ser um exercício interessante para os pesquisadores que estão no campo do Esporte, Comunicação e Cultura.

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