“Rio, Polo e Praia”: Uma homenagem a uma cidade maravilhosa com um esporte encantador.

Mês passado, junto com as comemorações de São Sebastião do Rio de Janeiro nos dias 21 e 22 foi realizado na Praia de Copacabana o segundo evento “Rio Polo e Praia” brindando banhistas, turistas e apaixonados pelo Pólo Aquático com um espetáculo sensacional defronte a um dos principais cartões postais da cidade, a princesinha do mar emoldurada pelo histórico Forte de Copacabana.

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Troféu destinado aos campeões do “Rio, Polo e Praia 2017”, evento que fez parte das comemorações do dia do padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. (Foto: divulgação “Rio, Polo e Praia 2017”)

Seis equipes majoritariamente compostas por atletas-master da modalidade, apesar de alguns jogadores ainda estarem em atividade e outros ex-praticantes terem sido convidados a formar principalmente uma equipe independente do torneio, que foi “sutilmente” apelidada de SAMU, disputaram partidas de exibição do esporte aonde, apesar do caráter competitivo intrínseco aos adeptos do Water Polo, o espírito de amizade e confraternização se sobrepôs em uma bela celebração a nossa “cidade esportiva” conforme definição de Victor Melo.

O encontro nas areias de antigos companheiros e adversários, muitos deles com filhos e familiares foi emocionante não só para os participantes, mas também para banhistas e transeuntes que testemunharam a atmosfera de alegria e festa proporcionada pela ótima organização de Antônio Vasconcelos (Totonho) e Paulo Cezar Fernandes.

Diversos participantes microempresários contribuíram para a realização do evento patrocinando e fornecendo salgados artesanais, barras de cereais, pizzas, chopps, afim de auxiliar na divulgação de uma modalidade olímpica que possui uma história pouco estudada e que merece ser mais praticada não só nas piscinas mas também em campeonatos nas praias onde na realidade tudo começou na nossa cidade.

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A presença de patrocinadores em eventos esportivos de pequeno e médio porte é fundamental para que cada vez mais o Rio de Janeiro exerça seu potencial de “cidade esportiva” e de popularizar os espaços públicos. (Foto: divulgação “Rio, Polo e Praia”)

Das origens na Baía de Guanabara no final do século XIX até o recente evento realizado no Posto 6 da mundialmente conhecida Praia de Copacabana, o Pólo Aquático no Rio de Janeiro se integra na formação de uma cidade que valoriza as práticas esportivas e o culto aos corpos em ambientes saudáveis e sociais.

A migração dos mares para as piscinas dos clubes mais tradicionais pode ter dificultado a popularização do esporte, porém viabilizou a formação de “comunidades imaginadas” de atletas que se perpetuam através das gerações, independentemente das rivalidades clubísticas ou do suposto caráter violento da modalidade. No Rio Polo e Praia 2017 membros da comunidade do Water Polo carioca se confraternizaram junto com alguns companheiros que vieram de outros estados, ex-atletas, árbitros, técnicos, familiares e curiosos em um memorável acontecimento do verão carioca.

Com a bola flutuando os participantes realizaram disputadas partidas com algumas modificações, porém, nas regras tradicionais, como a redução para três tempos ao invés de quatro quartos e a possibilidade de arremessos de longa distância valendo dois gols.

Na disputa de 5º lugar, a equipe SAMU surpreendeu e conquistou o posto superando os Masters do tradicional Tijuca Tênis Clube. Eu tive o prazer de participar de forma muito discreta, praticamente como um doente terminal nesta equipe. Depois de mais de 20 anos sem jogar uma partida, pesado e sem nadar regularmente nos últimos dois anos em função do final da tese de doutorado, compromissos familiares e das diversas aulas, somente o sentimento de estar presente na Praia de Copacabana, onde costumo frequentar ao lado de ex-companheiros do Flamengo e jogadores que vieram de Brasília e outras piscinas brasileiras em um evento tão especial, foi para mim uma experiência inesquecível de acionamento da memória da adolescência quando praticava com regularidade o esporte.

O terceiro lugar acabou ficando com a equipe Masters 87 que venceu o Botafogo, time que no primeiro dia de confrontos dentro dos grupos tinha se destacado, mas no domingo acabou sucumbindo tanto na semifinal, quanto na disputa do terceiro lugar em função da boa atuação dos adversários e de desfalques importantes, não conseguindo repetir assim a boa performance do sábado.

A final do torneio foi a coroação de uma amistosa rivalidade. Duas equipes integradas por grandes atletas, muitos com passagem pela seleção brasileira, e que regularmente treinam aos sábados e domingos na piscina do Flamengo formaram uma equipe brasileira de Masters de diversas gerações que disputa com êxito torneios internacionais da categoria. Fizeram um grande espetáculo. Tanto no âmbito esportivo do jogo em si quanto no aspecto simbólico de difusão da modalidade a vitória do Masters Rio Red Stars sobre o Masters Rio White Stars por 10 x 5 encerrou de forma majestosa o sensacional acontecimento.

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Ao final do torneio, o “grande título” do Masters Red Stars intensificou a confraternização de gerações de atletas que se dedicaram ao Polo Aquático e construíram um legado que volta a ser fortalecido com o “Rio, Polo e Praia 2017”. (Foto: divulgação “Rio, Polo e Praia 2017”)

O Pólo Aquático aos poucos retorna aos mares brasileiros em iniciativas louváveis que vem ocorrendo isoladamente como torneios na Praia do Rosa, em Santa Catarina, Arraial do Cabo e com sucesso pelo segundo ano consecutivo na Praia de Copacabana conforme demonstra reportagem feita pelo SporTV.

Tomara que dirigentes, patrocinadores, jornalistas, acadêmicos e não apenas ex-atletas e amantes do esporte abram os olhos para o potencial de uma importante modalidade olímpica que tem muito a crescer em nossa cidade e no Brasil e que pode ajudar muitas gerações a entenderem o sentido de valores como companheirismo, solidariedade e espírito coletivo, além de estimular jovens e adultos a praticar um esporte extremamente saudável, lúdico e competitivo.

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