Nesta segunda parte da entrevista de Márcio Guerra ao LEME, o esporte no campo acadêmico e nos veículos de imprensa ocupou um protagonismo na fala do jornalista e pesquisador. E, segundo ele, os momentos de cada uma dessas áreas são bem distintos atualmente.
No campo acadêmico, Márcio Guerra demonstra entusiasmo com o crescimento da pesquisa em comunicação e esporte apesar do ainda persistente preconceito de parte da Academia em relação a esse objeto de análise. A maior presença de Grupos de Pesquisa sobre o assunto e de disciplinas esportivas nas grades das graduações em jornalismo são indícios de uma mudança cujo paradigma, de acordo com o entrevistado, se deu a partir de uma conferência de abertura do Congresso Intercom, em Fortaleza, voltada para o esporte e que contou com a participação do sociólogo Ronaldo Helal e do antropólogo Roberto da Matta. Da mesma forma refletiu também Ary Rocco, coordenador do Grupo de Pesquisa “Comunicação e Esporte” do INTERCOM, em sua entrevista à nossa equipe.
Por outro lado, o entusiasmo dá lugar à preocupação quando o jornalista formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aborda o trabalho feito por alguns veículos de imprensa sobre esporte. Não se pode negar que a cobertura esportiva é um segmento à parte do jornalismo pelo fato de o esporte estar tão atrelado à informação quanto ao entretenimento, diferentemente da economia e da política. No entanto, para Marcio Guerra, isso não se reflete em uma insuficiente apuração e espetacularização:
“O jornalismo esportivo vive uma crise de qualidade. Não se apura mais, é um jornalismo de “oba-oba” e alguns chegam ao ponto de confundir o trabalho de um jornalista com o de um assessor de imprensa. Essa crise é contundente e o jornalismo precisa ser repensado o mais rápido possível para não perder a credibilidade”.
Ainda sobre essa crise, o seu auge teria sido “o papel lamentável da imprensa brasileira durante a Copa do Mundo, quando ela apostou no fracasso e não estava preparada suficientemente para o pré-Copa e para o evento em si”.
Marcio Guerra espera que essa postura não se repita durante a cobertura das Olimpíadas no Rio de Janeiro e, para isso, trabalha como coordenador de um projeto de treinamento profissional na UFJF, cujo objetivo é a capacitação dos jornalistas esportivos para a cobertura dos Jogos de 2016:
“Em 2007, nos Jogos Pan-americanos do Rio, percebemos uma fragilidade muito grande dos colegas profissionais na cobertura de esportes que eles não têm muito contato no dia a dia. Nesse projeto, temos entrevistado especialistas em cada modalidade olímpica e paralímpica para que os profissionais e os futuros jornalistas possam se capacitar na cobertura de um evento de tamanha magnitude como as Olimpíadas, não só por ser no Brasil, mas para que o nosso jornalismo cresça em qualidade”.
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