O panorama atual do futebol brasileiro segundo Édison Gastaldo

Na terceira parte da entrevista de Édison Gastaldo, concedida ao Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte, o Antropólogo fez uma abordagem geral sobre o futebol brasileiro, cujo panorama atual passou por significativas mudanças por conta da realização da Copa do Mundo. Foram debatidos temas que vão desde as torcidas organizadas até as estruturas “pouco democráticas e transparentes da Confederação Brasileira de Futebol”, como ele próprio afirma.

Para Gastaldo, o processo de elitização do futebol nacional, que tem como maior símbolo o encarecimento de ingressos nos estádios construídos ou reformados para o Mundial de 2014 pode ser um fator responsável por aumentar a representatividade das torcidas organizadas:

“A torcida organizada é de origem pobre, descentralizada, reside nas periferias e não tem agentes políticos que possam interceder por elas a não ser dirigentes de clubes, com os quais existem laços espúrios, e que propiciam ingressos por um menor preço, transporte para os jogos e aquela sala no estádio para guardar os instrumentos (tambores, faixas e bandeiras). Então, as organizadas estão crescendo porque é uma das poucas maneiras de se assistir um jogo por R$ 5.

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Quem não se lembra dos tempos em que “Fla X Flu” era sinônimo de “casa cheia”? Por quê a realidade atual é diferente?

A baixa média de público nos mais importantes estádios do país durante o Brasileirão e nos campeonatos estaduais também é causada por outros fatores como momentos de instabilidade de um time na competição, falta de interesse pela partida, horários pouco atrativos e dificuldade econômica enfrentada pelo país atualmente. Diante desse cenário, Gastaldo aponta que a mudança de fórmula de disputa do Campeonato Nacional, de pontos corridos para algo similar ao “mata-mata”, poderia alavancar uma maior apelo junto ao público e valorizar o campeonato em termos financeiros:

“Eu não gosto de pontos corridos, um campeonato disputado dessa forma valoriza só que tem poder econômico; para ter um segundo time inteiro no banco; para tirar um jogador ‘pendurado’ com cartão amarelo e ter uma reposição, em campo, à altura. Pra fazer isso, é preciso ter dinheiro. Então quem ganha, na maioria das vezes são os grandes times.  O modelo da Copa do Brasil me empolga muito mais pelo que significa cada jogo (vencer ou ser eliminado)”.

Não se pode negar que a equipe que melhor planeja uma temporada tem maiores chances de sucesso e merece ganhar títulos. No entanto, é preciso discutir formas de proporcionar para a maior quantidade de clubes possível um bom planejamento. E isso envolve uma distribuição de cotas de direitos de transmissão mais justa, a cobrança pela profissionalização da gestão de clubes e federações de futebol além de uma força-tarefa para a valorização dos torneios de futebol no país, o que se refletiria em maior equilíbrio dentro das ‘quatro linhas’.

Confira a entrevista de Édison Gastaldo ao LEME! Para ver outros vídeos produzidos pela nossa equipe, é só acessar nosso  canal no Youtube.

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