O Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte divulga nesta semana mais um trecho da entrevista concedida pelo antropólogo e professor do CEP-Exército, Édison Gastaldo. Nesta parte do bate-papo, Gastaldo destacou o fato de fatores extra-campo, como a política e o pessimismo por parte da cobertura dos grandes veículos de comunicação sobre megaeventos no Brasil, contribuírem para que momentos de congraçamento da população brasileira com o resto do mundo não fossem aproveitados da forma que deveriam.
“A realização de uma eleição presidencial em 2014 afetou completamente o que se fez com a Copa do Mundo. Todo um momento de congraçamento mundial virou uma sessão de críticas sobre a incapacidade do Brasil. Um discurso de perdedor! Mas deu certo! A BBC fez uma enquete com seus leitores, e a Copa de 2014 foi eleita a melhor da história, pelo futebol, pela festa, pela receptividade e pela estrutura.”
Não há como negar que os problemas existentes na administração do país somados a esse pessimismo disseminado sobre o que aconteceria na Copa do Mundo e sobre o que vai acontecer nos Jogos Olímpicos influenciam nosso estado de ânimo. Às vésperas do mundial de 2014 foi possível ouvir de muitas pessoas uma torcida para que o Brasil não conquistasse o hexacampeonato já que isso causaria “uma alienação em relação aos problemas de nosso cotidiano” em um ano de eleições presidenciais. Essa manifestação contrária não deixa de ser preocupante já que um dos mais fortes símbolos da identidade nacional, a paixão do brasileiro pela seleção nacional de futebol, se abalou antes da Copa, e, por conta do 7 a 1, se deteriorou ainda mais.
O jornalismo tem, por obrigação, de denunciar problemas e cobrar soluções. No entanto, o excesso de pessimismo não comprovado pode ser relacionado a cada vez mais nítida parcialidade dos principais veículos de comunicação do país, cuja postura é, há bastante tempo, de crítica ao governo federal e à política, como um todo. Os elogios à realização da Copa do Mundo pelo Brasil vieram apenas no final do torneio e como uma forma de atenuar o choque causado pela eliminação da seleção brasileira.
Gastaldo torce para que, no ano que vem, as Olímpiadas não sejam amaldiçoadas por esse “espírito pessimista e negativo” e que o enfoque midiático não seja dado apenas ao quadro de medalhas.
Veja abaixo esta parte da entrevista de Ėdison Gastaldo ao LEME.
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