Copa do Mundo no masculino

Autora: Tatiane Hilgemberg

mulheres

Em época de Copa do Mundo o assunto geral é obviamente o futebol. Ele está em toda parte, no jornalismo, na publicidade, nas conversas de botequim, o clima da Copa do Mundo toma conta de tudo e de todos. Mas uma questão me incomoda nisso tudo. Qual o lugar da mulher em tempos de Copa?

O decreto lei 3199, publicado inicialmente me 1941 proibia a prática de esportes que não fossem adequados à natureza feminina, e foi só em 1980 que esse decreto foi considerado obsoleto. Ok, muita coisa mudou desde 1980, a sociedade progrediu, alguns estereótipos se alteraram, mas a participação da mulher no futebol ainda é cercada de preconceitos. E eu não falo aqui apenas da prática esportiva em si, mas da participação da mulher como gestora, jornalista, técnica, árbitra, fisioterapeuta, preparadora física…

Preste atenção, estamos em 2014, essa é a 20ª Copa do Mundo, quantas mulheres você viu nesses cargos? Muito poucas! E quantas delas apareceram na mídia como candidatas à musa da Copa? Pois é!

Faça um teste rápido, vá ao oráculo da sociedade moderna (Google) e pesquise o termo “mulheres na copa do mundo”, pelo menos os 20 primeiros resultados trarão fotos das “mais gatas da Copa”, convidarão a conhecer “as mais lindas namoradas e esposas de jogadores de futebol” (nem vou comentar os resultados na busca por imagens). Essa objetificação da mulher em época de Copa do Mundo, reflete o comportamento da sociedade, extremamente patriarcal diga-se de passagem, com relação à diferença de gênero. Algumas tentativas de transformar essa visão escorregaram nesse machismo, como foi o caso, por exemplo, do Campeonato Paulista Feminino em 2001. A Folha de S. Paulo, à época, revelou em reportagem que um dos pontos do projeto, elaborado pela Federação Paulista de Futebol e pela empresa Pelé Sports & Marketing, condicionava o sucesso do torneio a “ações que enalteçam a beleza e a sensualidade da jogadora para atrair o público masculino”, ou seja a venda do corpo das jogadoras. Vale ressaltar ainda, que várias das jornalistas que cobrem a Copa, tanto brasileiras quanto estrangeiras, aparecem como candidatas a musa…

Em um mundo ideal, que talvez nem eu nem você veremos, o Brasil vai parar para ver as meninas do Brasil em campo, vai torcer por um gol da Cristiane, vibrar com as roubadas de bola da Bia, delirar com os desarmes da Mônica, e com os passes precisos da Nenê. Mas acima de tudo vamos respeitar as diferenças de gênero e sexo e poderemos dizer que a mulher é sujeito na e da história do futebol.

2 pensamentos sobre “Copa do Mundo no masculino

  1. Excelente texto! Inclusive estava conversando sobre esse tema ontem, com amigos. Até debatermos o tema na mulher nos programas de futebol, que ficam lendo perguntas enviadas no tablet, paradas como objetos e suas opiniões pouco importanto.

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