Copa Mundial a sol y sombra

Eu gosto dos livros do autor uruguaio Eduardo Galeano. Especialmente do seminal “As veias abertas da América Latina”. Este foi um dos textos que começou a formar meu arcabouço teórico-filosófico. As novas gerações, que provavelmente não tiveram contato com Este livro, posso resumir em uma simples frase seu conteúdo: “Hei, FHC, vai #£Ø╬ﻖFMN!!!”

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Além dessa bíblia esquerdista latina, Galeano, que gosta de futebol e tem preferência pelo clube Club Nacional de Montevidéu escreveu este livro, Futbol a sol y sombra, sobre o esporte. Nesta obra, ele conta que gosta do “bom futebol”, de ver belas jogadas, ainda que estas sejam feitas pelos jogadores adversários, ou mesmo contra o Nacional.

Não sou assim. Pelo que observo, a maioria dos seguidores do futebol também não o são. Vivem fazendo chacotas e adoram humilhar os que gostam de outros clubes. Em meu caso, diria que não gosto de futebol, mas sim de um clube apenas. Se ele está jogando faço sacrifícios para assistir (ainda que já saiba de antemão que será novamente derrotado), Porém se o embate é entre outros clubes, não me importo absolutamente. Não me atrai o futebol (ou qualquer outro esporte) apenas pela técnica apurada e pelo bom desempenho dos atletas. A paixão é assim, não se explica, sente-se ou não.

E é esta paixão que é explorada, para o bem ou para o mal, extensivamente, e com um fator extra em Copas do mundo, o fator nacionalismo. O que tenho visto no Rio de janeiro em minha primeira Copa do Mundo in loco é bem diverso do que esperava. Grupos bem marcados de estrangeiros apoiando nitidamente seus países, exibindo as cores de suas camisas e bandeiras em todas as partes. A maioria é Sulamericana: Argentinos, chilenos, uruguaios. Muitos europeus: Ingleses, holandeses, croatas, e até alguns de nações não classificadas para a Copa, como um grupo de galeses. Mexicanos, poucos, mas trajados a caráter, barulhentos, confiando em Peralta e chicarito… E até alguns do longinquo Japão.

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Em todos, o que vejo estampado em seus rostos, é a alegria. mesmo diante de uma derrota colossal, espanhóis estavam risonhos e confiantes na classificação, festejando com os algozes holandeses.

Isso me surpreende, pois vai de encontro às tão faladas rivalidades do futebol, bastante exploradas pela mídia.  Aqui todos convivem harmonicamente. O fato de terem viajado para tao longe (esse argentino do carro acima disse ter dirigido durante 4 dias até o Rio), e investido tanto tempo e dinheiro, talvez seja um dos fatores que leve essa concentração Babeliana a ser uma festa que ultrapassa os estádios. Muitos dos estrangeiros com que conversei nem sequer tinham ingresso para assistir aos jogos, vieram apenas para “curtir a festa”.

Lembrei do Francisco: “Um dia afinal, tinham direito a uma alegria fugaz… Uma ofegante epidemia”…

É exatamente o que tem acontecido no Rio de Janeiro neste mês de Junho. Uma espécie de carnaval, mas muito melhor, mais poliglota, menos comercializado (apesar dos exorbitantes preços da FIFA. Um boneco de pelúcia custando R$70 ou um churrasquinho por R$14).

Por falar em paixão: Van Persie, Sneijder, Robben… Como é bom ver os craques finalmente de volta à Gávea!

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One thought on “Copa Mundial a sol y sombra


  1. Como sempre, seus textos são incriveis, as vezes polêmicos, mas tenho que discordar sobre a paixão pelo futebol, eu sou absolutamente fascinado pelo esporte , o espetaculo independente do clube na disputa, gosto do bom futebol, lances bem marcados, otimas finalizações… a emoção de assistir um verdadeiro espetaculo.

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