Tá lá um corpo estendido no chão

Tá lá o corpo estendido no chão. Em vez do rosto a foto de um gol.

Em vez de reza uma praga de alguém

(Trecho da música “De frente pro crime, do ano de 1975, de João Bosco e Aldir Blanc).

Eu estava propenso a escrever mais um texto sobre a Copa das Confederações (eu já havia escrito sobre esse torneio aqui neste espaço virtual, “Feliz ano velho”, disponível AQUI ). Porém, após uma vista rápida nos textos recém publicados, vi que estes assuntos já foram amplamente discutidos por aqui. Hora de “virar a página”.

Ressaltado por uma notícia que chegou até mim via um VLog (vídeo- blog, um tipo de blog em que o emissor posta vídeos falando, ao invés de escrever) sobre jogos eletrônicos, resolvi falar deste assunto instigante e ainda inédito por essas bandas, creio.

O assunto é agressão a árbitros esportivos. A notícia dava conta de que um juiz tinha sido agredido em campo por um atleta, Durante uma partida de futebol amador, entre as equipes locais. O árbitro expulsou um jogador. Este discordou da marcação e partiu para cima do juiz.

Acontece que o juiz estava prevenido e portava uma faca, com a qual golpeou o “atacante” (não resisti ao trocadilho). Após a resposta desproporcional do “meritíssimo”, os espectadores invadiram o gramado e o juiz foi esquartejado, e teve a cabeça enfiada em uma estaca. Que história singela. Segundo a mídia eletrônica consultada[1], o crime ocorreu na localidade de Centro do Meio, nos arredores de Pio XII, cidade de 26 mil habitantes, a 270 km de São Luis, no Maranhão.

O que acho estranho é que agressões aos árbitros não aconteçam com mais frequência. Tais servidores (já que árbitro não é profissão), são confrontados periodicamente, porém é raro ver algum deles “levar uma porrada”. A única vez em que me lembro de ter visto isso acontecer em um torneio profissional foi num jogo da Copa do Brasil entre o Flamengo e uma equipe do Amazonas (não vou lembrar o nome… São Raimundo, talvez…). Inconformado com a marcação de uma penalidade, o goleiro e capitão partiu pra cima do juiz e o agrediu sem dó. Foi expulso, e, ao ser entrevistado pelo “trepidante” Elso Venâncio (então repórter da Radio Globo), disse que “O Flamengo não precisa de um pênalti inventado pra vencer no Maracanã”. Nessa época não havia tanta transmissão de partidas ao vivo na TV como agora, e eu jamais pude apreciar a cena do tal juiz apanhando… infelizmente. Quem nunca teve vontade de surrar o juiz que atire a primeira pedra (ei! Não em mim, tá?! Nunca apitei jogos!).

Efetuei uma pesquisa sobre agressões a árbitros, e achei alguns documentados:

Em Barreira, Ceará, no ano de 2010, um jogador foi morto a facadas pelo árbitro, após agressão.

 

Em Salt Lake City, Utah, EUA, ano de 2013, Um jogador de 17 anos deu socos na cabeça do árbitro que veio a falecer.

Holanda, 2012; Na partida de futebol juvenil entre Buitenboys e NieuSloten, o bandeirinha foi espancado pelos jogadores

A melhor cena que achei: Indonésia, 2013, jogo Pelita Bandung Haya 2 x 1 Persiwa. O jogador acerta o juiz por trás com um soco e lhe quebra o nariz. Como diria o grande Sílvio Luis, “Olho no lance”:

 

A vingança do bandeirinha: Campeonato Russo de Futebol, 2013. Terek Grozny x Amkar Perm.

 

O juiz parte pro ataque:

 

O árbitro, ao encerrar a partida, foi até a arquibancada encarar quem o estava xingando:

 

Essa o juiz não apanhou, mas é bem engraçada:

 

Seguindo as ideias do sociologista alemão Norbert Elias (1897-1990), em “O processo civilizatório” (disponível AQUI), com as quais me alinho, cenas como estas serão cada vez mais raras e condenadas pela “sociedade organizada”.

Porém, para evitar tais conflitos, senhores juízes, apitem direito… É como acontece quando um motorista pisca o farol ou a seta pedindo passagem no trânsito… Melhor ceder. Nunca se sabe até que ponto vai a ira do outro indivíduo. Pra encerrar, uma história de uma falha de um juiz que virou música famosa do Jorge bem. Nesta entrevista o Zico relata o lance:

“Quando nasce o esquadrão?

ZICO: A gente ganhou unidade em 1977, quando perdeu o titulo para o Vasco nos pênaltis. O Tita entrou só para bater, mas acabou perdendo. Saímos dali, fomos todos para o Barril 1800, no Arpoador, time e comissão técnica. Acabamos até criticados pela Boca Maldita: “Porra, jogador perde e vai sair?”. Fomos principalmente para dar força a um jovem, que estava começando. Em vez de ir cada um para o seu lado, foi todo mundo no ônibus. O Jorge Ben fez até uma música (”Cadê o Pênalti?”) no ônibus naquele dia: “Cadê o pênalti?/que não deram para gente/no primeiro tempo”. Foi um lance em que o Osni foi derrubado e o juiz não deu. Era final do segundo turno. Se a gente ganhasse, haveria dois jogos. O Vasco foi campeão direto”.

É revoltante e dá vontade de partir pra agressão mesmo… 

2 pensamentos sobre “Tá lá um corpo estendido no chão

  1. Apesar de iniciado com uma história macabra, a morte e esquartejamento do árbitro maranhense, achei o texto bacana. O tema é interessante, divertido e muito vasto e as imagens postadas trouxeram um conteúdo divertido ao desenrolar das desventuras que assombram a função de árbitro esportivo. Engraçadíssima a cena do juiz de futebol correndo das crianças no campeonato mirim. Ri de rolar rsrs. Hilário…

    Mas não é apenas nos meios futebolísticos que os árbitros sofrem agressões por decisões erradas ou questionáveis que podem alterar o resultado final do combate esportivo em questão. Em qualquer modalidade sempre há atletas hávidos por acertar umas boas pranchadas de mão na lata do juiz. Ahahahaha.
    Que ofício cruel rsrsrs

    Como sou aficcionada das artes marciais, acabei por encontrar imagens de um árbitro que é surrado por um lutador após liberá-lo de uma imobilização e dar a vitória para o adversário. E apanhar de lutador profissional deve doer muito hein?? rsrs

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